Introdução
Como preâmbulo ao assunto deste artigo, apresentamos o seguinte Problema que na perspectiva da Composição Artística moderna, não seria considerada uma Composição Artística mas tão só um Problema “Monstro”.
Na
Secção de Damas da Revista Vamos
Decifrar, e a partir do ano de 1949, a
sua publicação seria mesmo recusada!
Veja-se
o aviso que o orientador desta secção publicou no N°109, a 1 de Janeiro de
1949:
“AVISO - Somos a informar os nossos leitores que,
futuramente, deixaremos de publicar problemas em posições inverosímeis, isto
é, fantasias. Também não publicaremos trabalhos com peças em número superior
a 14. Assim, todos os productores deverão primar por compor trabalhos dentro
destes moldes, o que antecipadamente agradecemos.” – Mário Diniz Vaz |
Composto
com 12 peças Brancas (9 PB + 3 DB) e apenas (!) 7 peças Negras (7 PN),
perfazendo um total de 19 peças no tabuleiro, a este trabalho apenas se poderia
conceder uma virtude: a simetria da apresentação inicial.
Tudo
o resto é completamente o oposto aos cânones da arte:
·
a
“desavergonhada” inverosimilhança da posição
·
a superioridade
patenteada pelas Brancas – todas as peças Brancas estão passadas, podendo todas
ser coroadas sem que as Negras possam fazer algo para o evitar
Que
avaliação positiva ou comentário elogioso lhe conseguiria atribuir alguém que realmente
aprecie a Arte e o Belo no Jogo das Damas?!
É
que, até a simetria da posição tem dificuldade em se fazer notar....
Só
se dá por ela 15 minutos depois!... rodando o Tabuleiro de um ¼ de hora!
Para
qualquer Damista que se prese, uma Posição com um enunciado como este, não despertaria
qualquer interesse, tão esmagadoramente lógico parece ser o seu resultado
final.
Certo!
No
entanto... o autor pretendeu exprimir algo através deste Problema.
Não
tem o direito, Mestre? – questionou o Damista
Novo.
- É
surreal, não passa de uma “pintura
rupestre” feita na
pré-história da Composição Artística. Não nos merece qualquer comentário ou
apreciação critica... – respondeu o Mestre.
- Ok.
Vou então modificá-lo e voltarei a trazê-lo de novo à sua apreciação. – retorquiu
o Damista
Novo, autor do Problema, agradecendo humildemente a
critica mordaz do Mestre.
Enquanto
se afastava, embrenhado nos seus pensamentos, o Damista
Novo recordou-se de uma frase famosa ...
Posso não
concordar com o que você diz, mas defenderei até à morte o seu direito de
dizê-lo – esta frase é de Evelyn Beatrice Hall e foi utilizada
em 1906 no Livro The Friends of Voltaire para resumir o
pensamento de Voltaire sobre a Liberdade de Expressão. |
...
e tentou entender porque reagira assim tão asperamente o Mestre ao ver o seu Problema.
Pintura
rupestre? Mas isso é bom ou é mau?
Pensou
na Caverna de
Chauvet, a 47 Km de Montélimar, no Sul de França, que abriga as mais antigas produções artísticas do
ser humano conhecidas até hoje, datadas do Paleolítico de entre 30 e 40 mil
anos atrás.
Só
foram descobertas, por acaso, por três espeleólogos amadores, em 1994!
Lembrou-se
também do Filme Caverna dos
sonhos esquecidos, de Werner Herzog, que viu sobre
esta Caverna de Chauvet.
As imagens que aí se encontram são “A memoria dos sonhos dos nossos ancestrais que muito tempo permaneceram no esquecimento.”
Nesse
mesmo dia, e depois de se deitar, pegou num dos vários livros sobre o Jogo de
Damas que se amontoavam em cima da sua mesinha de cabeceira.
Folheando-o
inadvertidamente, a página em que se fixou foi a centésima septuagésima quarta.
Nessa
página, iniciava-se o capítulo Obreiros
da Evolução.
Ao
ler o título deste capítulo, assolou-lhe de novo ao espírito, a adjectivação
usada pelo Mestre: Pintura
rupestre!
A conexão
tornou-se-lhe de repente obvia. Podia até tratar-se de um elogio! – pensou.
Nessa
noite, não conseguiu adormecer sem ler o capítulo do princípio ao fim!
Para completar este capítulo dentro da Miscelânea
Histórica iremos pôr em foco a evolução do problema em Portugal. (Tratado da
Enciclopédia Damista II Parte). «O
problema de Damas Clássicas faz a sua introdução em Portugal, pelas mãos
aristocráticas de José Syder:» ... «Na
verdade, Syder publica o seu «Jogo de Damas» em 1903»... Depois de algumas considerações, o historiador nos
apresenta uma série de nomes da aristocracia como autores de problemas
apresentados no tratado de José Syder. Porém, nada nos diz de onde José Syder extraiu
esses problemas. Se esta fase por ser considerada rudimentar não
pôde fazer parte da história (ficou classificada de pré-história) e não
requer maiores detalhes, estes, por sua vez, seriam muito interessantes sob o
ponto de vista bibliográfico. Foi uma omissão ou apenas falta de documentação
para informar com segurança como requeria pelo sentido histórico? Ainda no mesmo ponto do tratado um detalhe muito
importante é este outro: Diz-nos o historiador que o 1° Período começou com
a secção de damas de «Domingo
Ilustrado» que
foi orientada por João Eloi Nunes Cardoso de Janeiro de 1925 a Agosto de 1927
e continuada até Dezembro por Artur Ferreira Santos. Diz ainda: O mesmo espírito de concepção artística
prevaleceu na secção que lhe viria a suceder em «Notícias Ilustrado» até Outubro de 1935, orientada respectivamente
por: Assis da Veiga, Artur Ferreira Santos e Augusto Teixeira Marques. Nós achamos que numa secção de damas a parte mais
importante é o conceito do orientador sobre a modalidade. O que ele transmite
aos leitores; como |
transmite; e de que modo está influenciando os
seus espíritos. Assim deviam ser incluídas nesse 1° Período, as
composições daqueles orientadores. Só foi citado João Eloi Nunes Cardoso mas sabemos
que existem trabalhos dos restantes dirigentes de secções de damas, menos
Assis da Veiga. Quem foi Assis da Veiga no Problemismo que para
nós ficou tão desconhecido? Teria sido apenas um orientador intruso ou
tratar-se-ia de um compositor que se escondeu atrás de um pseudónimo, dos
muitos que nos são familiares? Se, historicamente este facto não tem grande
significado, artisticamente reveste-se de um interesse equivalente ao
paradoxo apontado a Eloi Nunes Cardoso que possuindo o repositório de todos
os problemas clássicos espanhóis, desprezou sua técnica evoluída para
dedicar-se à divulgação dos quebra-cabeças onde o conteúdo artístico é quase
nulo. Teriam aqueles dirigentes um conceito pessoal
sobre composição diferente daquilo que publicavam em suas colunas? Quem poderá responder? Um outro pormenor que em nossa opinião tem grande
interesse, seria conhecer-se qual foi, exactamente, o primeiro problema que
em Portugal se publicou de autoria portuguesa. Não importa se pertence à pré-historia e se está
ou não apenas esboçado o conceito da composição de um problema, o que
interessa é conhecer como era esse problema e quem foi o seu autor. *** Ndlr: Este Capítulo Obreiros da
Evolução, foi transcrito na
integra da obra ABC do PROBLEMISTA (Pág.174 e 175) escrita pelo Mestre António Eduardo Igrejas, cuja publicação como Separata da
Enciclopédia Damista, foi terminada em Dezembro de 1978. |
Na separata da Enciclopédia
Damista Bibliografia de Damas Clássicas, escrita pelo Eng. Duarte Silva
e pelo Dr. Sena Carneiro, podemos ver que a primeira publicação do Jogo de
Damas em Portugal surge no ano de 1806 com a impressão Régia da Academia dos
Jogos. No seu Tomo V, esta obra dedica as primeiras 80 páginas às leis do
jogo, à numeração do tabuleiro, às saídas do jogo prático (é uma copia parcial
do Tratado de Cecina Rica) e publica 52 problemas, todos tirados dos Tratados espanhóis.
Academia dos Jogos - Tomo V |
Ano
1806 |
Entre esta obra régia Academia
de Jogos do ano de 1806, e a seguinte publicação do Jogo de Damas em
Portugal, passar-se-ão 76 anos!
Folheto Jogo de Damas – José Augusto de Magalhães Brandão |
Ano
1882 |
Só em 1882, é editado em
Guimarães, por José Augusto de Magalhães Brandão, o Folheto Jogo de Damas.
O Eng. Duarte Silva e o Dr.
Sena Carneiro indicam, na Bibliografia de Damas Clássicas Pág. 4, que
este folheto, além de um resumo das regras do Jogo de Damas, traz apenas, 2
Problemas tirados do Tratado de Cecina Rica, mas o 1° é de Timoneda (1635) e o
segundo é de um jogo prático do Tratado de Cecina.
Livro Jogo de “Damas” – José Syder |
Ano
1903 |
O primeiro Livro, publicado
em Portugal, totalmente dedicado ao Jogo de Damas surge apenas em 1903, 21 anos
depois do Folheto Jogo de Damas.
É seu autor José Syder (prenome
Português mas com nome de família de origem inglesa) de Parada de Gonta,
freguesia da cidade de Tondela, distrito de Viseu.
Editado em Lisboa pela Officina Typographica, este livro contém 228 páginas.
Assinatura de José Syder
Em 1961, na História do
Problema em Portugal - Tratado da Enciclopédia Damista – II-25, o Dr. Orlando Augusto
Lopes escreveu os seguintes parágrafos:
A
Evolução do Problema em Portugal O
problema de Damas Clássicas faz a sua introdução em Portugal, pelas mãos
aristocráticas de José Syder; mas esse advento é, realmente, pobre. Na
verdade, Syder publica o seu «Jogo de Damas» em 1903, totalmente
influenciado pelos tratadistas ingleses e quase integralmente copiado das
suas obras, no que respeita ao jogo prático. No problema, precisamente porque
não podia haver uma adaptação dos trabalhos ingleses ao nosso estilo, Syder
limita-se a apresentar espantosas «ingenuidades». Se, para
o jogo prático, a «escola inglesa» era de uma utilidade reconhecida, para a
composição artística, essa «escola» nada poderia oferecer. Por isso
mesmo, havendo uma necessidade do conhecimento dos clássicos espanhóis para
um bom aproveitamento do seu alto nível artístico, e, na realidade, havendo um
desconhecimento total deles, o problemismo esboça-se em plano muito baixo. No final
do século passado o jogo de Damas era apanágio das classes cultas; não
admira, pois, vermos as primeiras composições encimadas por nomes destacados
da nossa Sociedade de então. Eis uma
lista de alguns autores dos problemas apresentados no Tratado de José Syder:
João de Deus, Mariano de Carvalho, Saraiva de Carvalho, Sousa Lara, Alexandre
Herculano, Emídio Navarro, Homem Cristo, Alexandre Braga, António Grandella,
Latino Coelho, Lobo d’Avilla, Viscondessa Torre da Murta, Conde Daupias,
Conde Mendia, Conde de Caria, Conde de Burnay, Duquesa de Palmela. Se
acrescentarmos a esta lista, o nome do Rei de Portugal, D. Luiz I, poderemos
fazer uma ideia real do alto nível a que este nosso jogo se guindou no final
da Monarquia. No
entanto, não devemos considerar esta fase rudimentar do Problema em Portugal,
integrada na sua História; ela fará parte, quando muito, da sua Pré-história. Dr. Orlando
Augusto Lopes – In Tratado da Enciclopédia Damista – II-25 (1961) |
Certo que os Autores Portugueses não começaram num patamar
comparável aos clássicos espanhóis (muito longe disso), certo que uma elite
culta do século XIX encimou muitos dos Problemas publicados nesta obra de José
Syder, certo que há soluções incompletas e erros crassos em muitas das soluções
destes Problemas, mas relegar estes primeiros originais portugueses para
a Pré-história da Evolução do Problema em Portugal, excluindo-os de qualquer
apreciação ou comentário, foi quanto a nós, uma opção só explicável pela
vontade do Dr. Orlando Lopes de passar rapidamente à fase mais virtuosa da
Historia do Problemismo em Portugal que iniciar-se-ia a partir do ano de 1925.
No
entanto, nós consideramos que, o Livro de José Syder, sendo a primeira
publicação, na História do Problema de Damas em Portugal a difundir originais
de autores Portugueses ou a viver em Portugal, terá sempre o mérito de ter
divulgado o Problemismo em Portugal e deverá merecer-nos sempre um apreço e
reconhecimento especiais, mesmo sabendo que nenhum dos Problemas aí inseridos,
atingiria a Fase IV da Tabela de Classificação das Composições
Artísticas do Dr. Sena Carneiro, criada exactamente 7 décadas depois, no ano de
1973.
Apesar disso, e sem que nem mesmo José Syder se
tenha apercebido de todas as suas implicações..., um dos problemas do seu Livro, do/a Autor/a D. Adelaide
John, dá resposta a uma das mais profundas questões que se podem pôr sobre
o Jogo das Damas Clássicas!
A
questão é tão profunda que não temos conhecimento de que algum Damista a
tivesse posto, nestes quase 5 séculos em que existe bibliografia sobre o Jogo
das Damas Clássicas!
Trata-se
da determinação do Limite mínimo da invencibilidade!
A questão pode ser enunciada da seguinte forma:
Tendo a primazia da colocação das peças
no Tabuleiro, quantas casas necessita dominar uma das cores, e qual é a força
mínima a colocar nessas casas, para garantir a invencibilidade contra um
adversário que poderá colocar de seguida as suas peças, nas restantes casas do
tabuleiro, até ao máximo da força possível que são 12 Damas? |
Pode parecer incrível, mas, como veremos a seguir, a
resposta a esta questão já existe desde o ano de 1903, e pode ser resumida
assim:
É
necessário dominar ¹/₄ das casas do Tabuleiro com ¹/₃
da Força Máxima como requisito mínimo para ser possível a invencibilidade
contra qualquer força do adversário. |
E a verdade é que se chegou a esta conclusão, sem recurso a
qualquer potência computacional, nem com a utilização de qualquer tipo de inteligência
artificial.
Apenas foi necessária... a imaginação de um Compositor!!!
Livro
Jogo de “Damas” – José
Syder (1903) Problema 148 por D. Adelaide John Jogam
as Negras e Empatam
Solução:
14-11 (início da construção da «Fortaleza»), 30-26, *16-12 (Lance que termina
o escudo defensivo de 6 peças Negras nas casas (3), 6, 7, 11, 12 e 15 que se
torna numa autêntica «Fortaleza inexpugnável» para as Negras!), 26-19, 8-4
EMP e agora a DN4 movimenta-se ad aeternam nas casas 4 e 8 até
que as Brancas promovem todos os seus Peões e concordem com o empate pois
nada poderão fazer para tentar ganhar o jogo. Não encontramos, no entanto, justificação
para esta posição com as Negras a Jogar, mas é complexo e moroso de o provar.
Até prova em contrário,
consideramos este Problema como ilegal ou fantasia. |
Para evitar esta
incompatibilidade entre posição e primazia do lance, poder-se-ia
apresentar o Problema na seguinte Posição que, até aumenta um Lance à solução
idealizada: Correcção do Problema 148 de D. Adelaide John Jogam
as Negras e Empatam
Qualquer outro lance que não seja
o 10-6, as Brancas efectuam, por exemplo, a troca de três peças por duas
jogando 1-5 e as Negras não mais conseguirão empatar. Após o *10-6 (único), 14x10(ou
5) ao que se segue 12-7 (só possível porque a DB foi despregada da casa
19) e 16-12 ficando formada em 3 Lances a «Fortaleza inexpugnável»
tal como idealizada no Problema 148 de D. Adelaide John. É de realçar que o escudo defensivo usado pelas Negras neste Problema 148, é o mais económico que é possível formar (mas não é único como veremos): 6 peças Negras
nas casas (3), 6, 7, 11, 12 e 15 formam uma «FORTALEZA
INEXPUGNÁVEL» para as casas 4 e 8 que ficam completamente inacessíveis às Brancas Jogam
as Negras e, no mínimo, Empatam contra qualquer que seja a Força Branca
|
Apesar de mal contruído, nós
consideramos o Problema 148 como um trabalho ímpar nas Damas Clássicas
e, por isso, o mais original do Livro de José Syder!
É uma pérola que brilha no esquecimento do espaço damístico
Português há mais de 120 anos, sem que ninguém a tivesse catalogado ao nível
temático, nem reflectido em todas as suas implicações!
Seria necessário investigar, nas outras modalidades do Jogo
de Damas, em que os peões não comem para trás, nomeadamente nas Damas
Anglo-Americanas, se haverá algum problema que utilize esta ideia defensiva
e seja anterior a este trabalho publicado no ano de 1903.
No
entanto, mesmo que tal exista nas Damas Inglesas ou Americanas, nós não temos
conhecimento que tal estratégia tenha sido usada em qualquer problema dos
Clássicos Espanhóis, ou por autores Portugueses dos Séculos XX e XXI.
Este
Problema de D. Adelaide John é o primeiro a apresentar, no Jogo das
Damas Clássicas, esta estratégia de Força Mínima (Posicional e Material) que
garante a invencibilidade!
Este
Trabalho permite assim estabelecer um axioma nunca
antes enunciado até hoje:
Nas
Damas Clássicas, a Força Mínima (Posicional e Material) que garante a
invencibilidade contra qualquer força adversária, mesmo contra 12 Damas,
resume-se ao domínio de 8 Casas do Tabuleiro (¹/₄ das
casas do Tabuleiro),
por 1 Dama e 6 Peões (¹/₃
da Força Máxima). [a] |
[a] Considerando que 12 Damas
necessitam 24 Peças da mesma cor para sua formação, e que 1 Dama + 6 Peões
necessitam 8 Peças, então 1 Dama + 6 Peões = 1/3 da Força Máxima possível pois
8/24 = 1/3.
Apresentamos
agora, sob a forma canónica da Composição Artística – com Jogam Brancas, as
duas únicas posições que determinam o Limite Mínimo da Invencibilidade no
Jogo das Damas Clássicas:
Força Mínima (Posicional e Material) que garante a invencibilidade, mesmo contra 12 Damas |
||||||
Casas
Dominadas |
8 |
18, 21, 22, 25, 26, 27, 29, 30 |
Casas
Dominadas |
8 |
18, 21, 22, 24, 25, 26, 29, 31 |
|
N°
de Peças |
7 |
18, 21,
22, 25, 26, 27, (30) |
N°
de Peças |
7 |
18, 21, 22, 24, 25, 26, (31) |
|
D. Adelaide John contra qualquer que seja a Força
Negra |
Eduardo Valente contra qualquer que seja a Força
Negra |
|
||||
Várias outras posições do tipo «FORTALEZA
INEXPUGNÁVEL» podem ser formadas, mas invariavelmente, ou o número de Casas
a dominar ou o número de Peças a utilizar, é superior às duas
posições da Força Mínima que acabamos de ver, ou então não é possível
haver 12 Damas adversárias no Tabuleiro.
Vejamos alguns exemplos:
12 Damas Negras possíveis |
|||||
Casas Dominadas |
9 |
19,
22, 23, 24, 27, 28,
29, 31 e 32 |
Casas Dominadas |
10 |
19,
22, 23, 24, 26, 27,
28, 30, 31 e 32 |
N° de Peças |
7 |
19, 22, 23, 24, 27, 28 e (29) |
N° de Peças |
8 |
19,
22, 23, 24, 26, 27, 28 e (29) |
Henrique Guerra Filgueira Jogam
as Brancas e, no mínimo, Empatam
contra qualquer que seja a Força Negra |
Eduardo Valente Jogam
as Brancas e, no mínimo, Empatam
contra
qualquer que seja a Força Negra |
||||
Casas Dominadas |
11 |
18,
20, 21, 22, 23, 24, 26, 27, 28, 30 e 31 Nota:
As casas 25, 29 e 32 podem estar
ocupadas pelas Negras |
Casas Dominadas |
18 |
13,
15, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31 e 32 |
N° de Peças |
9 |
18,
20, 21, 22, 23, 24, 26, 27 e 28 |
N° de Peças |
9 |
13,
15, 17, 18, 19, 20, 21, 22 e 23 |
Eduardo Valente Jogam
as Brancas e, no mínimo, Empatam
contra
qualquer que seja a Força Negra |
Eduardo Valente contra
qualquer que seja a Força Negra |
Apenas
10 Damas Negras são possíveis |
|||||
Casas
Dominadas |
6 |
18, 21, 22, 25, 26 e 29 Com Negras em 27, 28, (30), (31)
e (32) |
Casas
Dominadas |
8 |
19, 22, 23, 24, 27, 28, 31, 32 Com Negras em 25, 26, (29) e (30) |
N°
de Peças |
5 |
18, 21, 22, 25, 26 |
N°
de Peças |
6 |
19, 22, 23, 24, 27 e 28 |
Eduardo Valente Jogam as Brancas e, no mínimo,
Empatam
contra qualquer que seja a Força
Negra |
Eduardo Valente contra qualquer que seja a Força
Negra |
Voltemos
agora ao diálogo entre o Mestre e o Damista
Novo com que iniciamos este Artigo.
Passado
algum tempo, o Damista
Novo regressa então ao Mestre e apresenta-lhe o seu Problema modificado, tal como havia prometido:
Inédito de Eduardo Valente
-
Mestre? Aqui tem o meu trabalho modificado. Agora penso que merece ser apreciado!
- Hum... De
que serviu mudares apenas o enunciado?... Só para alertares que o empate se perfila no horizonte? Continua a
ser à mesma um espécime de Arte Pré-histórica...
19 peças no tabuleiro? Até fazem
sombra umas às outras...
Quem é que se recordará desta
posição, um dia depois de a ter colocado no Tabuleiro?
Lembra-te do que dizia o Mestre Francisco
Henriques:
“Sem economia
não pode haver elegância!” – enfatizou o Mestre.
- Mas Mestre, foi exactamente isso que eu quis expressar
neste problema – a máxima economia que garante a “elegância”, mesmo
contra a máxima força adversária! – retorquiu o Damista Novo
piscando o olho ao Mestre.
- Pois... Mas onde está a “elegância”
no teu Problema se é a Força Máxima que vence?
Fez-se silêncio por uns
instantes.
- As cortinas que ocultam a “elegância”, abrem-se, quase
como por encanto, quando... se quer realmente ver!
– exclamou com ar sereno o Damista Novo.
Depois de
proferir esta máxima sobre as cortinas da “elegância”, o Damista Novo
expôs ao Mestre tudo quanto tinha lido e analisado nos dias anteriores.
Começou por
falar-lhe da Caverna de Chauvet, que abriga as mais antigas produções artísticas do ser humano conhecidas até hoje.
- Quando se quer realmente ver, a Arte
Rupestre transforma-se num tesouro inestimável! – proferiu a determinada
altura.
Outro assunto que abordou foram as questões postas por Mestre Igrejas no capítulo
Obreiros da Evolução da sua obra ABC do PROBLEMISTA, que nunca
ninguém ousou responder, nomeadamente as questões colocadas nos dois últimos
parágrafos:
Um
outro pormenor que em nossa opinião tem grande interesse, seria conhecer-se
qual foi, exactamente, o primeiro problema que em Portugal se publicou de
autoria portuguesa. Não
importa se pertence à pré-historia e se está ou não apenas esboçado o
conceito da composição de um problema, o que interessa é conhecer como era
esse problema e quem foi o seu autor. – António Eduardo Igrejas (1978) |
- Como foi
possível, 46 anos volvidos, ninguém ter tentado realmente ver as repostas a estas questões? – inquiriu o Damista
Novo.
No terceiro
tópico da sua exposição ao Mestre, o Damista Novo focou-se principalmente
nos detalhes técnicos do conceito de «FORTALEZA INEXPUGNÁVEL» e em todas
as suas implicações: ¹/₄ das casas do Tabuleiro com ¹/₃ da Força Máxima
!
Como cereja
no topo do bolo, o Damista Novo terminou a sua exposição, colocando a seguinte
questão ao Mestre:
- Se não
foi porque queriam realmente ver, que outra
razão levaria os três espeleólogos amadores a querer
explorar a Caverna de Chauvet?
- Pronto, pronto, já percebi... – retorquiu o Mestre com
ar meio arreliado – Passa-me lá o Jogo
de “Damas” de José Syder que está ali na
prateleira dos livros SEM
INTERESSE, se faz favor.
Partindo do salão nobre da
imaginação, naquele instante preciso, foi esta a sonoridade de contentamento
que ecoou por todo o universo intemporal dos sonhos e da paixão:
- Yupiiii
!
E terminamos esta história, com um final “elegante”!
Trata-se do último terceto do famoso soneto de Francisco Henriques que tem por título
Beleza eterna:
“E uma verdade
límpida decorre: A beleza terrena passa e morre…
- Só no JOGO DAS DAMAS permanece!”
O Leitor poderá encontrar todos os 153 Problemas do Livro Jogo de “Damas” de José Syder (1903) – comentados por Eduardo Valente, no ficheiro Pdf que está disponível no Link
https://tinyurl.com/153ProblemasLivroSYDER1903
Nos Problemas divulgados nesta obra de Syder, podemos encontrar, por exemplo:
·
O
primeiro Final Prático no Jogo das Damas Clássicas com o Tema [N°134]
Promoção “FORÇADA” – N°15 de José Syder (já identificado pelo Dr. Sena
Carneiro no Volume de Temas do Tratado da Enciclopédia Damista II-932)
·
O
primeiro Esquema Português de Luneta (Tema [N°119]) – N°47 de
José Syder (já identificado pelo Dr. Sena Carneiro no Volume de Temas do
Tratado da Enciclopédia Damista II-869)
·
O
Primeiro Problema Português no Jogo das Damas Clássicas – N°53 do Dr.
Luiz Ferreira (Viseu) à condição de que o Livro de Syder tenha sido publicado
antes do mês de Setembro de 1903.
·
O
primeiro Problema diagramado num Livro de Damas Clássicas
Português – N°61 de J. Gillman (na obra de Syder só foram diagramados 4
Problemas)
· O primeiro Problema Português com o Tema [N°131] PRISÃO – N°64 de Liggia
·
O
primeiro Problema Português com a Manobra [N°9] AQUISIÇÃO DE TEMPO(s) –
N°66 de João de Deus
·
O
primeiro Problema Português com o Tema [N°149] TRÊS e DAMA – N°70 de
Affonso da Gama
· O primeiro Problema Português com a Manobra [N°15]
ATAQUE FLUTUANTE – N°76 de Viscondessa Torre da Murtha
·
O
primeiro Problema Português com a Manobra [N°146] SUPORTE – N°83 de
Henrique Syder
·
O
primeiro Problema Português em configuração Homotética
– N°96 de João Soller
· O primeiro Problema
Português com o Tema [N°81] Corte com sacrifício e Recorte executado com Peões em vez de Damas – N°97 de
Marianno de Carvalho
·
O
primeiro Problema Português em configuração de Monograma – N°99 de
Jacinto da Costa Ribeiro
·
O
primeiro Problema Português com o Tema [N°148] Tiro nas Transversais! –
N°107 por Conde de Caria – Bernardo
·
O
primeiro Problema Português Homotético com o Tema [N°64] Brooklin (e o
melhor até hoje feito neste Tema!) – N°110 por Alex de Castro
Coelho
·
O
primeiro Problema Português com o Tema [N°95] Desvio de Dama Negra –
N°113 de Alexandre Herculano (Escritor, historiador e jornalista português)
·
O
primeiro Problema Português com o Tema [N°1] Alonso Guerra – N°114 por Eduardo dos Santos
· O primeiro Problema Português com Prisão de 4 Damas
Negras nas casas 1, 2, 3 e 4 «Muralha da China» – N°117 de Homem Christo (identificado pelo Dr. Sena Carneiro no Volume de
Temas do Tratado da Enciclopédia Damista II-921 mas atribuído a Syder em vez de
Homem Christo)
· O primeiro Problema Português com o Tema [N°147] Tiro no
Rio – N°124 por Liggia
·
O
primeiro Problema nas Damas Clássicas com uma estratégia de empate que
nomeamos «Fortaleza inexpugnável» – N°148 por D. Adelaide John.
Solução do Problema Inédito de E.Valente (Br 14, 17, 19, 20, (21), 22, 23, 25, 27, 28, (30), (31) Nr 7, 8, 9, 11, 12, 13, 15 Jogam as Brancas e as Negras... não empatam :
*21-18! (Único
lance que evita o Empate! Se as Brancas tentam outra chave, as Negras empatam
por 13-10 e 10-6 (ou 10-5) e 6-2 (ou 5-2) EMP ou então por 9-5 e 5-2 e 13-9 EMP
pois formam uma «Fortaleza inexpugnável» para o PN8 que, após
promoção na casa 4, pode movimentar-se ad aeternam nas casas 4 e
8, garantindo assim a invencibilidade, mesmo contra 12
Damas !!!), 13-10 (para tentar formar a Fortaleza), *18-13 (Único),
10-5 (se 11-6 desmonta a «Fortaleza Inexpugnável» e a superioridade de 5
peças das Brancas [12 Peças Br contra 7 Peças Nr] é suficiente para o GB), *13-6!!!
(Único. É esta a razão da movimentação da DB – desmontar in extremis a «Fortaleza
Inexpugnável» que daria o empate às Negras!), segue-se 11x2, e não mais as
Negras conseguem empatar dada a enorme vantagem Branca com GB fácil.
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